ERAM TRÊS...

Eram três,
Três cegonhas
Novinhas
Entregues a si mesmas.

O ninho ainda era
O seu abrigo predileto
Onde passavam a maior parte
Do tempo a descansar e a admirar
A paisagem circundante.
Quando a barriga
Dava horas abriam as asas
E voavam e pousavam nos campos
À procura de lagartos
E cobras e ratos.
De papos cheios
Regressavam ao lar
Onde se sentiam senhores
Do mundo.
A Natureza ficava
Encantada com elas
Ao vê-las vestidas de branco
E preto, majestosas.
Passei horas a fio
A contemplá-las de longe
Para não as incomodar.
Aproximei-me
Do ninho para tirar
Uma foto. Quando me viram
Abriram os bicos ameaçadores
Como quem diz: fica bem longe,
Não és bem-vindo.
Eram tão lindas
Tão elegantes!
Que personalidade
Tão marcante!
Deixei-as em paz
No seu habitat e fui
Para casa com uma pena
Na mão que encontrei no chão,
Com pena.
Leonel Anjos Neves
Foto: Leonel Anjos Neves