ELAIR CABRAL

INOCÊNCIA
Meus sonhos me levaram docemente
sob o véu de luz serena, linda e mansa
a andar pelas estradas mais fluentes
em busca de uma alma de criança

Despejei-me dos desejos e loucuras
cachoeiras de sofrer em desalinho
para me aconchegar em sãs venturas
E florir de amor e céu os meus caminhos
Numa noite sem luar vi as estrelas
Que despiram a minha alma altaneira
E em segredo começaram a sussurrar
Enviaram-me um sorriso inocente
Que invadiu o meu ser serenamente
Fiz-me sonho em doce canção de ninar
Elair Cabral
05/08/14

ALVORECER
A manhã chegou
Dando para a noite adeus
Com a estrela de abrir flor
Pelo jardim feliz correu
Abriu as rosas vermelhas
Também de todas as cores
Desabrocharam faceiras
Raro perfume de flores!
Depois vestiu a natureza
De um colorido tão lindo!
O rio encheu de beleza!
Deixou os lagos sorrindo
Chamou o sol majestoso
Para colorir o cenário
Logo chegou poderoso
E foi chamando os canários
Pássaros e seus cantares
Que se juntaram á manhã
Para a orquestra formarem
Natureza anfitriã!

Elair Cabral
30/06/14

TÔ FRACA... TÔ GATA
De Angola é minha galinha
É faceira e talentosa
Vaidosa e pintadinha
Sabe ser muito amorosa

Mas é gulosa demais
E o meu viver empata
Fico ouvindo seus ais
A gritar que está fraca...
Corro logo pro terreiro
Do milho esvazio a saca
E quando saio ligeiro
Ela volta a gritar tô fraca...

Elair Cabral
18/08/14

MORAR NUM LIVRO
O sol brilhou com carinho
A chuva limpou a mágoa
Criança é curso das águas
Verdadeira como o vinho

Lindo presente de Deus
Como a passagem das nuvens
A luz de mil vagalumes
As flores e seus perfumes
Educar pelo exemplo
É dever, trabalho sério
Filhos do amor, não do tédio
Tesouro em todos os tempos
Criança é tudo no nada
Alma, alegria e coração
No amor nasce a canção
Estão sempre apaixonadas
Criança vive o presente
Leva a vida com leveza
Dádivas da natureza
Amados pingos de gente!
Deviam morar num livro
Segundo sonhou Lobato
Filhos com amor educados
Adultos não são punidos
Elair Cabral

HASTE RADIANTE
Tenra haste, radiante!
Delicadas folhas, matizes
Costuradas cores vibrantes
Confiantes nas fortes raízes...
Em busca do prometido pólen
Guiada pela luz do vagalume
Viu a passagem do halley
Exalou da natureza o perfume
Fecundar?
Areia...
Caminhar?
Incerto...
Mergulhar?
Sereia...
Coração?
Aberto...
A brisa soprou...
Encanto absoluto...
A trave liberou o sorriso astuto
Beijo louco em movimento!
Fecundar?
Era tempo...
A flor se abria...
Mágico momento...
Enfim... Vivia!
Foi mãe...
Deu vida!
Dádiva, enternecida!

Elair Cabral
19/08/14